Somadas as extensões dos Estados que formam a região Norte, chegamos a 3.869.637 quilômetros quadrados, dos quais cerca de 3,3 milhões de quilômetros quadrados pertencem à floresta amazônica, incluindo a maior ilha fluviomarinha do mundo, a Ilha de Marajó, com cerca de 50 mil quilômetros quadrados de extensão. Seu mais novo integrante, o Estado do Tocantins, chegou trazendo um pouco da paisagem do cerrado à umidade dos trópicos. Se de um lado os rios formam um tapete rendado, a chapada e o Jalapão fazem o contraponto. As areias e rochas são de cores quentes.
Aqui não adianta ter pressa. Entender essa diversidade pode parecer impossível. O rio acima mais lento e o rio abaixo mais rápido vão ensinando que o inverno e o verão impõem o ritmo dos fazeres.
Mãos hábeis cavoucam fundo um grotão ou um outeiro para pegar uns punhados de barro que ganham vida nos potes, panelas ou “artes mesmo”, como os artistas da terra definem. Outras representam resgates históricos de milhares de anos. Assim, impossível não falar de Mestre Cardoso, de Icoaraci (Belém, PA), ou das louceiras de Maruanum (AP). O primeiro, guardião das técnicas indígenas Marajoara, Maracá e Tapajônica, responsável por desacobertar esse tesouro nacional tão pouco conhecido pelos brasileiros. As segundas, retrato de histórias que se perderiam no tempo não fossem a garra e a ternura com que mantêm a tradição. Esse pequeno acervo vivo que apresentamos neste capítulo sobre a região Norte é um breve testemunho da nossa brasilidade, engrandecida pela genialidade desses artesãos que, mesmo sob condições adversas de vida, fazem desse fazer um rito de liberdade.
Detalhe das mãos de Caçula, entalhando madeira
(Manacapuru, AM)
Detalhe das mãos de Benedito Souza executando a nicação em cerâmica estilo marajoara, no Ateliê Anísio.
(Icoaraci – Belém, PA)
