Atravessar devagar as Chapadas dos Veadeiros e dos Guimarães e olhar lá de cima a paisagem desconcertante do cerrado brasileiro faz a gente imaginar um mar sem fim. Um marzão de pedra, areia e uma vegetação que explode em espécies coloridas que parecem bancos de corais.
Mas o Centro-Oeste também é o Pantanal. Uma espécie de “sertão” alagado, se assim se pode imaginar, com seus vaqueiros, sua música, seus sabores, histórias e muita água. Aqui também a mestiçagem fez crescer homens e mulheres fortes, desbravadores, que são a cara do Brasil. O Pantanal é o elo que continua a unir o Mato Grosso do Sul e o Mato Grosso. A região também é amazônica. Não está mentindo quem disse que o cerrado é um dos ecossistemas mais diversificados do mundo. Infelizmente, o menos protegido.
Mas existem mãos que respeitam isso tudo. Mãos que se expressam e criam com aquilo que a terra lhes dá. Com o barro, com a pedra e com a madeira. Para falar dessa arte de raiz, quando pensamos no Centro-Oeste não podemos deixar de lembrar de Conceição dos Bugres. Reconhecida como a principal escultora de Mato Grosso, fazia nascer seus bugres com golpes de machadinha. Seguramente, Conceição é a expressão maior dessa paisagem quase inóspita da região central do Brasil e, por isso, conseguiu ser ao mesmo tempo rude, sensível e terna.
Peças em arenito esculpidas por Paulão
(Aquidauana, MS)
Ferramentas de Aparício Silva para trabalhar com madeira
(Anápolis, GO)
