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Ulisses Mendes aprendeu desde cedo a mexer com o barro da região do Jequitinhonha. Mais exatamente na cidade de Itinga, onde mora e onde nasceu em 1955. “Eu acho que aprendi sozinho porque vim de uma família de poteiros. Meus tios e avós faziam panelas e potes e eu desde menino fazia miniaturas de coisas que via. Quando fiquei adolescente, comecei a receber algumas encomendas e hoje vivo profissionalmente só do barro.”
Inquieto e curioso, Ulisses retrata a realidade de sua terra sem adoçar os olhos de quem quer que seja. Seus Cristos podem ser mulheres grávidas e sertanejas ou lavradores e trabalhadores desempregados. O forte conteúdo social das suas peças é carregado de traços suaves e feições delicadas e talvez por isso mesmo reivindiquem tanto a justiça social na qual acredita. O lirismo, ele deixa para outra personagem, Zira. “Estou trabalhando nessa mulher. Ele é uma benzedeira muito brincalhona, que às vezes, na época do frio, fica em cima do fogão para se aquecer.” |