O novo fazer de Teresa Etelvina José da Luz é continuidade do trabalho do marido, Joaquim Ferreira Neves, o Quinca.
Na pequena casa em Brazlândia, cidade-satélite de Brasília, Dona Teresa continua a esculpir totens em talo de buriti. “Eu ajudava Quinca e fui aprendendo. Quando ele morreu, em 1995, continuei a fazer, porque a gente sempre precisou desse dinheirinho. Acho que ele fazia mais bonito, mas cada um faz o seu. Judith, minha filha, também faz e muito bem feito, mas ela vive escondida, não quer aparecer pra ninguém.”
Dona Teresa já ensinou a neta Gisele. “É como uma sina. Ajuda muito. O Quinca queria mesmo era voltar pra roça. Mas não deu. Ele ficou desempregado aqui na cidade e então começou a fazer essas coisas nos galhos que encontrava. Fazia bichos, fazia outras figuras, e depois começou a fazer os totens de mulher barriguda. Eu ajudava a pintar. Agora, todo mundo tem pressa, querem tudo correndo e então a gente não borda mais tanto as roupas das mulheres. E também não querem pagar muito e a gente tem que pagar pelo talo do buriti, que tiramos em uma fazenda aqui perto. E ele não é barato.”
O trabalho segue a linha dos totens esculpidos por Quinca. Os traços simples dos ex-votos marcam a face das mulheres, que se empilham umas sobre as outras, com seus chapéus e feições mestiças, como que dizendo “quem cuida das coisas aqui sou eu”. |