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Quando Severino Pereira dos Santos nasceu, em 1940, Caruaru era muito atrasada e distante de tudo. Faltava emprego, não tinha muito comércio e tampouco indústrias. Quase todos os habitantes dependiam da feira de Caruaru, onde os agricultores vendiam e trocavam o que colhiam e muitos balaios chegavam cheios de louças de barro para serem oferecidas à freguesia. Tudo em meio aos repentes, cordéis e banda de pífanos.
“Nós chegamos aqui em 1948, vindos de um sítio em Ribeira dos Campos. Fixamos residência em Alto do Moura, que é outro distrito do município de Caruaru. A bem dizer, eu nasci em berço de barro. Éramos seis irmãos. E desde pequeno, nos meus 7 anos, já ajudava meu pai a fazer as pecinhas de barro. Hoje sou o continuador de sua obra. Faço inclusive réplicas de seu trabalho.”
Na casa de seu pai – Mestre Vitalino –, hoje funciona o Museu Casa de Mestre Vitalino. E ele, Severino Vitalino – esse é seu nome artístico –, é responsável por cuidar do local. Ali ele fica trabalhando, recebe os visitantes e conta as histórias sobre seu pai, que são muitas.
“Meu pai criou 118 cenas diferentes. A primeira peça dele foi um boi. Ele gostava de pintar de vermelho o boi. Depois de 1948, deixou de pintar. Depois veio a cena do caçador de gato-maracajá, a casa de farinha e a banda de pífanos. Eu gosto mais dessas.
Aqui em Alto do Moura, toda a minha família, assim como a de meu pai, trabalha com o barro. Ele começou, ganhou fama e a cidade toda hoje vive disso. Mas meu pai gostava mesmo é de tocar pífanos. Ele tinha uma banda.“
Severino Vitalino tem muito orgulho de seu trabalho. “Nunca filho meu precisou ir trabalhar para a cozinha dos outros. Acredito que a nossa arte leva o nome de Caruaru para longe e o nome de meu pai foi o mais importante. Caruaru é hoje o que é por causa do meu pai e de outros mestres que aqui se formaram.” |