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Sebastião Matias Cordeiro (que assina também Sebastião Ferreira) mostra uma mágoa muito grande no coração quando começa a falar de sua vida. Injustiças da vida ou incompreensões. Mas esse paraibano nascido em Itaporanga (PB), em 1950, amargou dias muito ruins. “Desde que eu tinha 11 anos todos me chamavam de doido. Meu pai era oficial da Aeronáutica e meus irmãos todos estudaram. Eu, pra escola, não fui. Aprendi a ler para escrever meu nome. E então comecei a cavoucar a madeira fazendo carrinhos. Hoje, sei que não faço mais carrinhos, faço arte. Comecei fazendo ex-votos e vi que, juntando isso a tudo mais que eu fazia, os outros chamavam escultura. Tem peça minha na Espanha e na Itália.
Tem gente que só gosta de anjo e santo com cara de italiano.
E aqui estou, há 25 anos, embaixo dessa árvore, em frente ao
Hotel Tambaú.”
Obrigado a amputar uma perna por força de um diabetes e da pressão alta, Sebastião hoje se emociona muito quando conversa. Chora, porque o coração parece mais mole. Na verdade, está mais solto e livre.
“Pelo que vi e escutei, acho que faço arte surrealista e abstrata. Surrealismo é arte criada sem a gente precisar saber o que quer fazer. As pessoas precisam saber decifrar alguma coisa de sua vida. Nem sei por que a arte tem que ter nome. Ela é um segredo que ninguém conhece. Tem que fazer a gente chorar de emoção.” |