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Na pequena Correntes, é fácil achar a casa de Sebastiana Mendes Soares. Casa simples e ampla que recebe todo mundo de braços abertos. Nascida ali no município, em 1933, Dona Sebastiana conta que desde menina brincava com uma faquinha fazendo figuras no mato. “Eu descobri tudo sozinha. Essa arte hoje está mais elevada. Mas comigo o princípio foram os meus bonequinhos. Foi um dom que Deus me deu e ninguém entendia. Eu queria ter estudo para conhecer mais as coisas. A gente cria, mas o estudo deve dar uma clareadinha que nos ajuda. Eu saio andando pelos interiores, pelas brenhas e vejo coisas belas. Procuro no mato o que acho bonito, fico procurando os pedaços de tronco que digam alguma coisa. Minha única ferramenta é uma faquinha.”
Sua vida já deu muitas voltas, mas a madeira nunca saiu de perto dela. Suas Santas Ceias, santos e animais da roça enfeitiçam pela simplicidade do desenho. “Lembro que minha mãe tinha um oratório e não deixava a gente nem chegar perto. Quando ela saía, eu abria e ficava olhando, não mexia. Pegava uns galhos de mandioca e tentava fazer as imagens. Minha mãe estava desconfiada e disse que se eu abrisse o oratório lá vinha surra. Mas continuei fazendo e nunca apanhei por causa disso.” |