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Roque Pereira, desde menino, olhava para os galhos e troncos de árvores e via neles coisas prontas. “Eu via mesmo. Não era preciso fazer muita força. Por que uma mesa tem que ser reta, com cantos vivos ou bem redonda? Para desperdiçar madeira e fazer quinas que podem machucar crianças e adultos.”
Natural de Pirenópolis, Roque às vezes lembra um ermitão. Embrenha-se cerrado adentro para arrastar todos os tipos de paus que encontra caídos, naturalmente ou por força das queimadas. “Aqui todos me conhecem e, se derrubam uma árvore em casa ou na fazenda, trazem para mim. Estou há mais de 15 anos só fazendo móveis. Aproveito tudo. Os chamados lacinhos que você pode ver nas minhas peças não são enfeites não. São para dar maior segurança.”
Foi assim que surgiu o seu projeto Pau de Lenho – uma oficina permanente voltada para a preservação ecológica e educação ambiental. “Tenho um grupo de aprendizes para esse ofício. Aqui aprendemos juntos a respeitar o que a natureza coloca em nossas mãos. A serragem que está no chão vai para adubar vasos e até mesmo para outros tipos de arte, como quadros e painéis. Os paus ocos que arrastamos dos alagados já vêm prontos, o bichinho já comeu o que tinha para comer e agora é nossa vez de usar. Por isso, os troncos ficam estocados ao tempo e o sol e a chuva vão nos ajudando.” |