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Ele não se acanha em contar sua história. Estava desempregado, sem dinheiro, com uma filha muito pequena precisando de leite. “Saí sem saber o que fazer. No ponto de ônibus, arranquei um pedaço de pau de uma lixeira, peguei o canivete e comecei a cavoucar. Foi saindo primeiro um pezinho de caju e depois um cavalinho. Uma moça que esperava o ônibus gostou muito e comprou. E eu comprei o leite.”
A partir daí, Roberto de Almeida continuou a cavoucar pedaços de madeira. Ele veio da roça (Poxoréu, na região de Rondonópolis, MT) porque não gostava de trabalhar no cabo da enxada.
“Desde pequeno, queria mesmo era desenhar, fazer coisas e ninguém entendia. Caí na arte querendo e por precisão.”
Passaram-se oito anos e seus bichos foram ficando cada vez mais extraordinários. Quase tudo o que ele faz é comprado por uma galeria paulista. Mas ele gostaria de poder levar para mais lugares. “Trabalho muito. Um tatu, por exemplo, exige um dia todo de trabalho. No porco-espinho, tenho a ajuda da mulher e da filha. Vou fazendo os bichos que tenho vontade. Enjôo de um e busco outro. Depois, quando bate a saudade dele, faço novamente.
Mas nunca sai exatamente igual.”
Sua casa de alvenaria ainda tem chão batido e é seu orgulho.
Na garagem, um velho fusca ajuda na locomoção. E um quarto lateral transformou-se em oficina de trabalho. “Tudo foi conseguido com minha arte. Naquele dia, se não fosse a arte, eu poderia ter feito uma loucura, roubado, sei lá. O desespero era tanto... Mas a arte venceu.” |
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