|
Ramiro Barboza de Araújo conta que nasceu em Ceará-Mirim (RN), em 1938. Desde muito cedo trabalhou na roça, pegou caranguejo, pescou, foi ajudante de serviços gerais e casou. “Então, por inteligência minha, aprendi a fazer as portas de casas. Um dia, sobrou um pedaço de imburana. Eu fiquei cortando e pensei em fazer um cavalinho, mas saiu uma ovelha. Guardei o bicho até que uma prima, garotinha, viu e pediu. Eu dei. Outro dia, fui assentar outra porta. Sobrou outro pedaço de imburana. Aí então saiu o cavalinho. Eu fui procurando entender melhor esse serviço. Fui fazendo casinhas de taipa, bichinhos e fui guardando. Quando minha filha nasceu, fiz brinquedos para ela e, mais pra frente, comecei a vender.”
Ramiro entendeu tanto do serviço que suas figuras de madeira parecem que estão vestidas de couro. O chapéu, a sela ou o gibão do vaqueiro mostram até o pespontado da costura. Os arreios ficam no ar, prontos para serem colocados. “Minha mãe era costureira. Eu ficava olhando e fiz uma máquina de costura, com todas as peças. E assino meus trabalhos como Ramiro Barboza.”
De fato, a máquina de costura é um trabalho extraordinário, desde o carretel até as minúsculas dobradiças que abrem e fecham o corpo da máquina. Tudo uma perfeição. Ele conta que a imburana vem da região de Jandaia e que, agora, ele vai fazendo mais devagar as coisas.
Vai fazendo e guardando para vender. Mostrou seu trabalho em 1972, na Biblioteca Câmara Cascudo da Fundação José Augusto, em Natal.
Suas peças também estão expostas na Galeria de Arte Antiga e Contemporânea, em Natal. |