|
Raimunda Cícera da Conceição nasceu em Bananeiras, na Paraíba, em 1934. “Eu me criei aqui em Caicó. No sítio, cuidava de plantação e fazia louça de barro junto com minha mãe. Com 10 anos, eu já fazia tudo o que ela fazia. Vim para a cidade, passei um ano empregada, mas sempre mexendo com barro. O ganho era pouco e a louça ajudava. Fazia até chaleira.” Hoje, vivendo só do que consegue com o barro, dona Raimunda diz que os filhos ajudam, mas ela modela tudo. “Mas está difícil. Meu filho Sandré teve um distúrbio psiquiátrico. Ele fez umas esculturas grandes no muro e o pessoal da cidade não gostou. Vieram e derrubaram. Ele ficou louco. Saiu embora e eu não sei onde ele está.” Dona Raimunda recebe muitos pedidos das pessoas da cidade, onde é conhecida como Dona Doida ou Raimunda Doida. Em meio às peças espalhadas e empilhadas no único cômodo de sua residência, vai contando que gosta mesmo é de fazer o que lhe vem à cabeça. “Eu gosto de fazer carranca, santo, imagens.
O meu barro eu mesmo preparo aqui. Misturo ele com pedra-sabão triturada bem fininho. O nome Doida, eu me dei. É um nome de artista, um nome da arte. Eu achei que dava certo e deu.” |