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Paulo Marcelino Lima tinha certeza que ia ser pescador. Mas a vida dá muitas voltas. Nascido em Penedo (SE), ele aportou na pequena Pirambu em 1994. As coisas não estavam muito boas. O pai era lavrador no baixo São Francisco e uma irmã sua morava ali na beira-mar. “Vim e aprendi a pescar no mar. Mas acontece que não é sempre que tem trabalho, não chamam a gente todos os dias para a maré. Foi então que um irmão meu, que começou a fazer artesanato, foi embora para Santos (SP) e depois voltou. Eu estava na pior, desempregado. Então ele falou para eu começar a fazer uns barquinhos, desses que a gente vê por aqui. Isso eu já fazia desde moleque, para brincar. Então fiz um e vendi na praia por R$ 30,00. Eu me encontrei com esse trabalho na arte. Primeiro, porque estou fazendo o que gosto e, depois, é uma coisa só minha, não estou trabalhando para ninguém. Porque a pior coisa que existe é fazer uma coisa forçado. Hoje ainda faço barcos, mas me encantei com os bichos.
O primeiro que fiz foi uma tartaruga, mas a cabeça nunca saía certa. Hoje já faço direito. Eu vendia minhas coisas para um atravessador, mas eles querem muito barato. A gente trabalha tanto e só para botar comida dentro de casa. Assim está errado. Hoje trabalho aqui na sede da Organização São Rafael. Cuido daqui e tenho um espaço para trabalhar no quintal. O inverno foi pesado. Teve enchente no São Francisco e veio muita madeira. E madeira que acaba na praia fica tratada pela água salgada. Tem que secar e a gente vai trabalhar nela.” |