|
Odenis Bueno de Oliveira nasceu em 1956, no Sertão de Cima, no Espigão Alto, município de Jaguariaíva, no Estado do Paraná. Descendente dos índios Caingangue, conta que sua bisavó, avó e mãe faziam potes e moringas de barro.
Odenis vive em um sítio que adquiriu ali perto, no bairro Boa Esperança, tornando realidade o ditado que diz “o bom filho à casa torna”. E passou a ser conhecido como Denis Paraná.
Antes de começar a esculpir, descobrindo figuras, seres, santos e o que mais pudesse nas raízes e troncos queimados de árvores da região, Denis trabalhou como operário da construção civil, quase sempre como carpinteiro.
Uma vida errante, cheia de aventuras, acabou por levá-lo para a cidade de Antonina (PR) e a gravidade dos problemas pessoais pelos quais passou fez com que mergulhasse em profunda depressão. A volta para casa foi a sua cura. “Fui voltando para a minha terra. Andando no mato, via as raízes, os tocos, os nós de pinho. Levava para casa, limpava e comecei a esculpir e entalhar. Para encurtar a história, em 1988 levei umas peças para Curitiba e lá me aconselharam a mostrar na Associação dos Artistas Plásticos do Paraná. Encontrei lá um antigo amigo, que não quis emitir uma opinião, mas me encaminhou para Adalice Araújo, crítica de arte, na época diretora do Museu de Arte Contemporânea. Acho que ela gostou, porque comprou uma peça minha e me colocou na programação de exposição do museu. Então, participei de uma mostra junto com vários outros artistas. A exposição chamava-se ‘Artistas Visionários’. Eu não entendi bem isso, acho que não tenho visões. Acho meu trabalho muito instintivo. Sai de dentro de mim e conta aquilo que vejo e o que sou.”
O caminho da religiosidade chega como extensão da formação familiar. “Eu comecei a fazer meus Franciscos (São Francisco) porque todos sempre gostam dele. Mas confesso que já fiz alguns santinhos só porque são mais comerciais. Mas acho meus Franciscos especiais. Tenho sorte, porque encontrei um grande amigo em Ponta Grossa (PR), o dr. Fábio, que coleciona as minhas peças e mantém um acervo meu. Isso é muito importante, porque perdi muitos trabalhos. Eu não assinava minhas peças e não sei onde andam agora.”
Em seu canto, trabalhando no meio da mata e rodeado pela família, Denis Paraná está muito feliz. Suas peças parecem carregadas de uma energia singular. É como se as raízes queimadas ou os dormentes mais duros do que pedra pedissem para ser virados do avesso, libertando-se de amarras e transformando-se em figuras que sofrem, sorriem, amam, dão à luz e são fortes porque são intensamente delicadas. |