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Marliete Rodrigues da Silva conta que quando nasceu, em 1957, em Alto do Moura, já tinha uma bolinha de barro na mão. Seu pai, Mestre Zé Caboclo – José Antônio da Silva –, desde criança modelava o barro, vendo a mãe, que fazia brinquedos para os filhos.
A mãe de Marliete era rendeira, mas logo os bilros foram ficando de lado, porque o barro rendia melhor dinheiro.
“Eu era muito curiosa e desde os 6 anos via meus pais modelarem aquelas figuras todas e comecei fazendo primeiro meus brinquedinhos e depois fui para os bonecos. Eu comecei a fazer miniaturas. Elas são a fase maior do meu trabalho. Hoje, muita gente já faz. A minha prima Socorro, por exemplo, só faz miniaturas.
Quando eu comecei com as miniaturas, há 28 anos, eu repetia as cenas que meu pai fazia. Mas em 1983 comecei a criar as minhas cenas.
Eu uso até espinho de mandacaru como pincel. Acho importante fazer as coisas que a gente vive. Retratar como era e como é a nossa vida. Minhas cenas são muito assim. Mas o melhor de tudo no trabalho é o sentimento. Sei que não tenho outro meio de vida, mas o sentimento dá a vida. Eu gosto tanto do que faço que às vezes me perco no tempo. Às vezes, tenho pena de vender uma peça e guardo.”
As cenas criadas por Marliete são o cotidiano vivido em Alto do Moura e também o cotidiano imposto pela televisão. Como seu pai e como os mestres Vitalino e Manuel Eudócio, as cores primárias são vibrantes, os desenhos cheios de detalhes, e o cuidadoso acabamento mostra o rigor com que essa artista modela o barro. Entre suas mais recentes criações, estão as bonecas ricamente decoradas. |