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Mestre Socorro – Maria do Socorro da Conceição – começou a fazer suas bonecas de pano quando tinha cerca de 7 anos de idade.
“Para eu mesma brincar, mas só aos domingos. Durante a semana, o trabalho na roça começava cedo. Lá pelas 12 horas, a gente parava um pouquinho e então eu aproveitava para fazer. Tinha uma tia, Maria, que sabia fazer bem feito. Papai ficava bravo e não queria que eu fizesse boneca de jeito nenhum porque o trabalho na roça rendia mais.”
Ela vai relembrando a vida lá no sítio de Riacho Fundo, na zona rural de Esperança. “Eu gostava muito de fazer as bonecas. Depois eu vendia. Toda semana fazia uma dúzia, só no descanso do meio-dia. Um dia, uma mulher que negociava miudeza na feira de Esperança levou minhas bonecas. E toda semana eu recebia 5 tostões – uma notinha e uma pratinha. E esse dinheiro dava para a gente comprar muitas coisas.”
O tempo foi passando, outras pessoas foram chegando, a feira foi crescendo, os vendedores indo para mais longe. “Até que um dia um homem viu minhas bonecas no Pará e acabou chegando aqui. Começou a vir muita gente. A cada 15 dias saía um saco grande cheio de bonecas. E foi aí que organizaram aqui as coisas, e eu danei a mão a ensinar. Foi quando veio um pedido enorme da Alemanha. Foram 5 mil bonecas. Depois, caiu muito. Hoje são menos pessoas e fazemos quando temos encomenda. Como eu não sei ficar parada, faço mesmo sem encomenda. Do jeito que eu gosto de fazer.”
Mestre Socorro nasceu em 1940 e vive na mesma casa levantada por seu pai, no sítio de Riacho Fundo. |
