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A vida de Nené Cavalcanti, como ela mesma diz, foi muito desviada, cheia de histórias, mas com um final feliz. Para começar, Maria das Neves Cavalcanti nasceu em um sítio, em Lagoa Nova (PB), em 1948. Sempre fez seus brinquedos, que eram sua vida. E para que ela e os irmãos se aquietassem por ali mesmo, o pai acabou trazendo uma professora para ensiná-los em casa. “Era muito tabu, muita prisão. Eu sempre dizia pra mim mesma que haveria de ter um mundo lá fora, que eu iria conhecer.” O pai adoeceu e faleceu. Uma irmã veio para a cidade estudar e para isso teve que casar e ter filhos. Nené veio junto para cuidar dos sobrinhos. “Eu acabei estudando na escola deles. Minha irmã foi para São Paulo (SP). Mas eu não fui. O que faria lá? Para não ter que voltar ao sítio, arranjei um emprego e resolvi estudar.” Nené também se casou, teve filhos e também concluiu um curso de Enfermagem, mas foi com o curso de Educação Artística que começou a se ajeitar e onde se encontrou com o barro. “Primeiro, fiz uma mulher retirante que todos gostaram. Eu sabia que tinha muito mais para fazer. Comecei a fazer minhas mulheres, anjos inspirados em minha filha e sabia que isso saía com muita força de dentro de mim. Minhas irmãs também começaram a fazer peças de barro, mas não quero que minha vida vire um estresse. Quero fazer cada peça com carinho. A repetição não funciona muito. As pessoas querem tudo igual e eu não quero trabalhar com as pessoas me mandando. Quero ser livre para criar. E sei que minha vida me deu isso.” |