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A falta de emprego no vilarejo de Ibimirim levou Maria Elda Alves Sobral a trabalhar na roça e fazer redes de pesca. “Aqui, quase todos eram santeiros e eu achava bonito. Ajudava um ex-cunhado no acabamento e um dia resolvi fazer uma peça inteira. Fiz um arcanjo e ninguém acreditou. Por isso eu faço todo o processo, desde talhar a madeira com o machado até o último toque de acabamento. Hoje sou a única santeira de Ibimirim e sou conhecida como Mestre Elda.”
Portanto, não é à toa que Mestre Elda se esmera. Quer se aperfeiçoar cada vez mais, quer que suas imagens sejam cada vez mais humanas. “Acho que as peças saem mais ou menos com a cara da gente mesmo. Tenho um rosto grande e olhos grandes. Talvez por isso minhas imagens sejam um pouco assim.”
Mestre Elda é muito exigente consigo mesma e com o processo de elaboração de suas imagens. “Eu não ligo se não vendo tudo agora ou se a minha produção não é grande. A maioria das pessoas não dá valor. Fazem esboços na máquina e tudo acaba ficando muito igual. Eu faço tudo à mão. Sei que lá fora, quando a pessoa vai comprar, não quer saber se foi feito à mão ou à máquina. Mas eu sei e acho que isso é que tem mais valor.” |