|
Ele diz que o corpo não ajuda mais muita coisa. As pernas estão fracas e por isso teve que deixar de esculpir na madeira inteira. Manuel de Jesus Aires Luz – seu Aires – está bem cansado, resultado irremediável de quem pegava no cabo da enxada todos os dias. Aposentado há mais de 35 anos, ainda precisa fazer alguma coisa para complementar a sua renda.
“Eu desde criança gostava de desenhar no papel. Desenhava tudo que é bicho que via. Acho que o desenho gera um começo. Depois, comecei a desenhar na madeira e entalhar. Agora não posso mais carregar peso, então invento coisas leves.”
Seus pequenos bichos são feitos com talos de buriti, de mamona, de sabugo de milho, de galhos que cata pelo caminho, das tramas das palmeiras e da vontade de poder fazer mais e mais. Seus grilos são fantásticos. Só faltam mesmo é fazer pular. Igual, seus Tripulantes. Figuras totêmicas, empreendem uma viagem no barco de casca de palmeira e parecem entoar um canto de trabalho profundo e pesado. |