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Aos 10 anos de idade, Manuel Graciano Cardoso ainda morava em Santana do Cariri (CE), onde nasceu, em 1926. O pai trabalhava na roça e fazia pilão e cuias de madeira “para o gasto” e Manuel Graciano – como é chamado por todos – ajudava. “Mas quando teve uma grande seca, já faz tempo, corremos para onde havia ajuda do governo, nas frentes de trabalho. E tinha as feiras. Então, me lembro que eu fazia bichos e levava para vender ou trocar na feira. As pessoas gostavam e compravam para dar de presente aos filhos, como brinquedos. Por precisão, também fazia pilões redondinhos, para quebrar o milho. Sempre consegui um dinheirinho para dar à minha mãe.”
Depois de casado e já com filhos, continuou esculpindo na imburana e no cedro e cuidando do roçado. Fazia ex-votos, bichos e presépios. O xilógrafo Abrahão Bezerra Batista foi uma espécie de “descobridor” de seu talento, levando-o para o Centro de Cultura Popular Mestre Noza.
“Trabalhei 33 anos no Centro, mas agora a saúde atrapalha e quando tenho encomendas prefiro trabalhar em casa.”
Suas peças e entalhes possuem um inigualável traçado e uma pintura cuidadosa e de cores vivas, bem combinadas. Os humanos trazem guardadas as feições dos ex-votos e os bichos, a liberdade maior de sua criação. “É bicho, pode ser qualquer coisa. Faço com os dentes pra fora porque um dia fiz e as pessoas gostaram. Eles estão rindo, não estão bravos.”
Sua atual esposa, Ciça Cardoso, sempre bem-humorada, ajuda-o no acabamento. Os filhos Ciço (Cicero Ferreira Cardoso), Francisco Cardoso, o enteado José e o neto Ednaldo Ferreira já aprenderam bem demais. Segundo Manuel Graciano, estão prontos para seguir seus próprios caminhos. |