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Luzia Dantas de Araújo mora em Currais Novos há mais de 30 anos e nasceu no sítio Rio Cachoeira, em São Vicente (RN), em 1937. Suas esculturas de madeira podem ser vistas em museus, galerias e em casas de colecionadores brasileiros e estrangeiros. “Eu mesma quase não saio daqui. Minha filha mora em Natal e quando preciso de médico vou para lá e volto logo. Gosto de ficar no meu canto em Currais Novos.”
Onde quer que vá, Luzia sempre leva com ela uns toquinhos de imburana e sua faquinha sempre afiada. “Aqui em Currais Novos fui a primeira a fazer essas coisas. Uma vez, faz muito tempo, vi uma peça do Chico Santeiro, que já faleceu. Minha irmã Ana Dantas, que também já se foi, fazia esse trabalho em madeira. Mas fui a primeira. Minha mãe fazia bonecos com casca de melancia para a gente brincar. Eu comecei a fazer bonecas de madeira. Logo os vizinhos encomendavam para os filhos deles e a coisa foi aumentando. Eu pegava pedaços de lenha de imburana e fazia meus bichos. Eu assistia à vaquejada, às corridas de boi e cavalo e corria para casa e fazia o que via. E assim foi. As pessoas pediam e eu fazia. Sei que a arte da madeira não é todo mundo que tem. A talha (ou entalhe) é mais fácil. Mas fazer a figura inteira é difícil.”
Suas figuras são ricas em detalhes e o movimento de suas vaquejadas é perfeito. “Eu gosto de fazer as coisas bem detalhadas. Acho que coloco nas peças as feições que me são familiares. Faço cada parte e depois monto, colando com cola branca. Cada um tem um rosto. Às vezes a pessoa traz uma foto para eu me inspirar pro rosto do santo encomendado e às vezes a foto é feia. Quando eu faço meu rosto, deixo todos bonitos.” |