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A rua Imaculada Conceição, na cidade de Taubaté, é conhecida como a “Rua das Figureiras”, referência a uma antiga tradição de modelagem em barro de figuras do folclore e cenas do cotidiano da região. São oito casas que podem contar toda a história, e uma chama a atenção por manter a tradição de secar o barro ao sol sem queimá-lo. Ali vivem as irmãs Luiza e Maria Cândida Alves Santos. O pai pedreiro, Narciso Alves dos Santos, e a tia parteira, Mariana, costumavam modelar o barro nas horas de folga e foi assim que elas aprenderam, junto com a irmã Edith, que faleceu em 1997 e de quem sentem muita falta. “Desde os 5 anos a gente começou. Nossa mãe achava bom que a gente ficasse amassando o barro porque assim a gente não ficava reinando por aí. A nossa irmã Edith, já com 9 anos, modelava figuras que vendia no mercado de Taubaté”, conta Cândida. Elas conhecem de cor e salteado a história dessa rua. Falam das primeiras figureiras como Dita Paqueira e Maria Evarista, de Dona Edwiges, Maria Prisciliana ou Dona Maria Conceição Frutuoso. Como muitas mulheres da região, foram trabalhar na fábrica de juta e, quando esta fechou, muitas estavam aposentadas e outras voltaram para casa, e o barro foi a saída para levantar o dinheiro necessário para complementar o orçamento familiar. “Nossa irmã Edith foi a primeira a modelar a Nossa Senhora das Flores. Ela se inspirou em uma novena do pai, coisa nossa mesma. O pavão eu comecei a fazer porque minhas tias faziam. Mas eu queria fazer diferente e por isso encrespei ele. Ficou com as penas arrepiadas como acho que é o bicho”, relembra Cândida, orgulhosa por seu Pavão de Cauda em Relevo ter sido escolhido como símbolo do folclore paulista. Já Luiza enfatiza que “exatamente nesse dia 13 de setembro de 2006 faz 30 anos que fazemos figuras de barro. Começou com a Cândida querendo fazer figuras para montar um presépio. Papai comprou uma lata de 18 quilos de barro, lá do rio Itaim, por mil réis. Eu fiz um ganso e a Edith fez um galo. Quem nos ajudou muito foi o professor Rossini Tavares, que criou o Museu do Folclore em São Paulo e comprava nossas peças para vender lá”. O barro seca ao sol forte do Vale do Paraíba e as cores vibrantes dão vida às figuras. Ali perto, a Casa do Figureiro reúne trabalho de todos os artesãos do bairro da Imaculada Conceição. |
