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“Muitos falam que o fandango veio de fora, mas é mentira.
O fandango é coisa nossa, de caiçara, inventada pela gente.”
Quem esbraveja e se orgulha de ser fandangueiro é Leonildo Pereira, que nasceu em Rio dos Patos (PR), em 1943, e desde que se entende por gente dançava, cantava e tocava o fandango.
“Eu faço meus instrumentos, a viola, a rabeca, o machete (viola de quatro cordas). Faço o batido (ritmo marcado por tamancos ou por um mestre ou marcador) e faço parte do grupo fandangueiro da família Pereira.”
Segundo ele, o fandango está ficando famoso porque está acabando. “Então tem gente do governo e de outros lugares correndo por aqui para gravar e fazer o Museu do Fandango.” Reunindo música e dança, o fandango era dançado depois de mutirões, do plantio, das colheitas, das puxadas de barco, todas atividades que exigiam um esforço coletivo da comunidade.
“Mas a gente penava para aprender. Os pais da gente não ensinavam. Eu ficava olhando, meio de longe, e assim ia aprendendo.” Agora quem fala é Nilo Pereira, que também constrói seus instrumentos, toca viola e marca o batido.
Além de fandangueiro, Nilo costuma vez ou outra esculpir algumas peças em madeira. “Eu faço alguma coisa, mas demora para vender. Os instrumentos a gente faz para outras famílias porque nem todos os fandangueiros sabem construir instrumentos. ” No entanto, o trabalho escultórico de Nilo chama a atenção.
Seus traços são fortes e simples. Ele rompe a madeira com o mesmo facão e facas usados para fazer suas violas e rabecas e acha graça por ter quem goste das suas “caras feias”. Nilo Pereira nasceu em 1954, em Rio dos Patos (PR), e ele e Leonildo moram em Guaraqueçaba. |