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Juvenal Assis Alves trabalhou a vida toda na roça. “Eu nasci em um sítio no município de Alegre (ES), no ano de 1926. Ajudava meu pai, que era também carpinteiro, Ele fazia casa fincada de esteio no chão (sem alicerce), que ficava firme a vida toda. Fiz primário e por causa disso cheguei a ser professor do Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização de Adultos) lá na roça. Eu acho que tenho jeito para a poesia, que gosto muito. Já tenho até um livro publicado, onde estão meus versos contando das coisas que acontecem por aqui.”
Quando completou 70 anos, a pressão da família para que mudasse para a cidade de Muqui foi grande. “Eu vinha para cá nos fins de semana (tem filhos morando na cidade e outros ficaram na roça), mas achava difícil ficar à toa. Então comecei a pegar galhos de goiabeira e de outras árvores e cavoucar, para me entreter.” Seu Juvenal conta que sua primeira peça foi uma cobra pegando uma traíra. “Duas peças em uma só! Acho que tomei gosto e agora tenho uma infinidade de peças. Tem coisa minha que já foi até para o Canadá.”
Quando os vizinhos cortam os galhos de árvores, entregam para seu Juvenal. E ele está sempre de olho nos galhos das goiabeiras que ele mesmo plantou. “Vou lhe mostrar uma coisa linda. É um beija-flor no ninho. Não mexi em nada. É um galho de goiabeira com erva-de-passarinho que cresceu enrolada nele. É uma bênção da natureza.”
Seu Juvenal, segundo um ditado popular, pode se dar por realizado: já teve filhos, já plantou uma árvore e já escreveu um livro. O resto é uma bênção que sai de dentro dele, explodindo em seus bichos, santos e figuras humanas. |