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Na Associação dos Escultores de Petrolina, não adianta chamar por Joseílson dos Santos Barbosa. Conhecido como Pintor, nunca tinha lhe passado pela cabeça ser escultor. “Ainda hoje gosto muito de pintar telas, mas para sobreviver pintava placas, muros, fazia mosaico, pátina, aerografia e restauração de móveis antigos (para um arquiteto). Mas comecei a ficar insatisfeito. Pintar eu nunca aprendi com ninguém, foi um dom que Deus me deu. Pintava muitos desenhos em capacetes de motos, bicicletas e meu desgosto era porque quem via meu trabalho achava que não era daqui.” Pintor então começou a matutar para mudar de cidade, mesmo não querendo. Sua sorte foi conhecer Biu, escultor já tarimbado e reconhecido. “Ele me ensinou a manejar os formões e, acho que pelo fato de eu pintar, comecei já talhando a madeira. Foi uma surpresa para todos.”
Calado e sério, dificilmente é visto dentro do amplo galpão da Oficina. Quem quiser encontrá-lo tem que ir até um pé de cajueiro que sombreia uma parte do quintal. Ali, sob ele, Pintor se acomoda e vai dando forma aos seus sentimentos. “Eu sempre gostei de observar o horizonte. Via que cada pôr-do-sol era de um jeito. Nunca se repetia. Por isso vim trabalhar aqui. Eu preciso ver o céu.”
Também por causa disso ele não gosta de encomendas. “Tem uma pessoa que queria que eu fizesse só frutas. Disse que eu deixasse para fazer arte quando ficasse velho, que agora eu tinha é que ganhar dinheiro. Mas eu me angustio com isso. O mundo pode ser muito melhor e a arte dá pra gente essa liberdade que queremos.” |