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José Joaquim de Araújo nasceu em 1952 em uma família de larga tradição na arte de trabalhar madeira – de marceneiros a mestres santeiros.
Em 1961, na cidade de Domingos Mourão (PI), onde nasceu, havia muitos pedidos de ex-votos e ali começou a esculpir suas primeiras imagens.
“Fazia minhas peças e guardava. Eu tinha dez peças guardadas na caixa de ferramentas quando vim para Pedro II, em 1970. Vim fazer a carroceria do caminhão de um empresário de mina de opala.
Ele viu as imagens e comprou todas. Logo depois, em 1973, Mestre Dezinho e meu tio, Mestre Expedito, me convidaram para ajudá-los na construção da igreja da Vermelha em Teresina (PI). Comecei a pegar encomendas e não parei mais. Deixei de ser marceneiro e segui a tradição do meu tio. Hoje, sou um mestre santeiro – Mestre Araújo.”
Já sua esposa, Verônica Amorim da Silva, diz que “foi o destino quem quis que eu acabasse trabalhando com a madeira. Nunca sonhei em fazer isso, mas via meu marido trabalhar e ajudava a lixar.”
Depois de três anos de casada, Verônica começou a cavoucar pedaços de madeira, escondido do marido. “Ele chegava e só via os cavacos de pau no chão da cozinha. Eu não falava nada, porque achava que ele não iria gostar. Tinha dez peças prontas e não queria copiar as peças dele.”
Verônica mostrou o trabalho ao marido e ao que tudo indica não houve problemas. Hoje trabalham juntos, mas cada qual no seu canto. “Eu nunca repito as peças. Faço as coisas que vejo aqui neste sertão. As mulheres buchudas amamentando, lavando roupa, vendendo coco babaçu. Eu tenho o sonho de que um dia vou fazer uma exposição. Nesse dia, a peça que tem oito anos que estou trabalhando nela ficará pronta.” |