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Santana do São Francisco é o nome do antigo povoado de Carrapicho, próximo a Neópolis, em Sergipe. Famosa pelo seu barro, colhido nos grotões e nas barrancas do rio, Carrapicho ganhou fama e se o assunto é barro, o lugar é Carrapicho. Assim rezam a lenda e a vida.
Todos contam que, em 1850, o português João da Igreja trouxe para o povoado a técnica dos potes e louças de barro. E, de repente, quase todos os moradores de Carrapicho tornaram-se oleiros e louceiros. Isso explica por que José Ivan dos Santos, que nasceu ali, em 1959, mesmo tendo estudado e se formado professor de História, continua seu trabalho de escultura em barro. Conhecido pelo apelido de Cachoba, ele conta que desde criança viveu em meio à cerâmica. “Aqui, a maioria das peças eram utilitários. Foi assim que eu comecei. Depois, nas horas vagas, comecei a esculpir, sozinho. Hoje, durante o dia, eu trabalho na cerâmica e, à noite, sou professor. Uma coisa ajuda a outra, porque aqui a gente só tem mais movimento em época de temporada, como o carnaval. Então vem muita gente da cidade e compra as coisas que fazemos.
Aqui em Carrapicho, cerca de 60% da população sobrevive direta ou indiretamente da cerâmica.” Como em grande parte do Nordeste, do sertão e do agreste, a arte santeira é a mais forte. E ela depende das romarias e temporadas, que se avolumam a cada ano. Seja por fé, pela salvação, pela água ou pela simples alegria de viver. |