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José Herter acha que demorou para começar a entalhar e esculpir na madeira porque nunca estudou. Porém, nem tudo é fácil na vida.
Nascido no município de Caibaté (RS), em 1961, ele já trabalhou na lavoura de soja, de milho, em construção civil e há sete anos mora em São Miguel das Missões.
“Vim para cá porque tinha turismo. Eu fazia minhas coisas, o pessoal da Emater (Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural) me chamava quando tinha feiras. Percebi logo que os entalhes em esculturas, portas, móveis davam mais dinheiro do que a lavoura. Tivemos uma estiagem brava por aqui e a gente tinha que se virar. Aqui em São Miguel eu fui conhecer os índios Guarani, os santos das Missões. Aqui fazemos parte da Rota das Missões. Temos essa história em nosso sangue.” De fato, o Rio Grande do Sul abrigou os Sete Povos das Missões, que chegaram a ter uma população de mais de 40 mil índios, liderados pelos jesuítas espanhóis.
“Eu vi que podia fazer réplicas dos santos que os padres pediam aos índios que fizessem. Essas imagens são muito pedidas, mas me encontrei com os índios. Todo mundo diz que a minha Nossa Senhora tem cara de Guarani. Eu acho que sim. Eu não vivia no meio deles, mas pedia a Deus para me ajudar e acabei vindo viver aqui e encontrei os Guarani e agora não consigo sair disso. É coisa da terra, da nossa gente.”
Não por acaso, a casa onde vive fica na rua Sepé Tiaraju, herói Guarani, idolatrado no Sul mas desconhecido no restante do País. |