José Francisco Borges nunca imaginou que iria se tornar uma figura conhecida mundialmente. Quando nasceu, em 1935, no sítio do Riachão, em Bezerros, no agreste pernambucano, tinha mesmo era que ajudar o pai na roça. Fazia também coisinhas que vendia nas feiras. Mas em 1952, a família teve que arrumar tudo e rumar para o sul. A seca era grande e a busca era pelas frentes de trabalho.
J. Borges – como gosta de ser chamado e como assina seus trabalhos – nunca esqueceu tudo isso. “Já fiz um pouco de tudo. Mas, quando tinha 20 anos, comprei um lote de cordel para vender nas praças e feiras da cidade. Vendia muito. Então resolvi escrever eu mesmo o meu cordel. Nesse, quem gravou a capa foi o Dila. Quando fui fazer outro, não tinha dinheiro para pagar o clichê de madeira e então resolvi eu mesmo fazer. Vendi bem. E os outros cordelistas acabaram gostando do meu desenho. Comecei a fazer desenhos para os outros. Até que um dia o Ariano Suassuna apareceu por aqui e disse que em sua opinião eu era o melhor gravador da cultura popular do Nordeste. Aí, foi muito! Graças a ele, tenho o que tenho, ensino muito, ensinei meus filhos e sei que sou reconhecido aqui e em muitas partes do mundo. Quero cada vez mais escrever e gravar a minha região para o mundo. Não quero mostrar as coisas de fora.”
J. Borges deu volta ao mundo. Suas histórias encheriam muitos livros e suas gravuras outro tanto. Decidido, ele defende com tudo o cordel tradicional. “Não quero que o cordel morra. A única coisa que tínhamos no sertão era o cordel. Ele vinha trazendo diversão, as notícias e era muito fácil aprender a ler e a estudar com o cordel. Eu só tive dez meses de aula. O professor foi embora e eu continuei aprendendo a ler por minha conta. Lia tudo que me caísse nas mãos.
O cordel tem que ser simples, tem que tocar a alma do povo. Aqui, as pessoas se divertiam só de ver a capa do cordel. Depois riam sem parar quando liam ou ouviam alguém cantar para eles. Na verdade, eu sempre digo que o cordel tem que ser uma mentira bem contada. Que então vira verdade. O povo compra e até acredita nas histórias, que vão passando de geração para geração.
Hoje todo mundo quer coisa fácil, pela televisão. É só sentar e ver.
Mas eu continuo com meu trabalho. Acho que escolhi isso porque me dá maior expansão. Um santeiro, por exemplo, só faz santo. Eu, aqui, um dia faço santo, noutro faço peixe, bicho, gente e vou misturando tudo e conto histórias. São os contrastes da vida, os acontecimentos. E o cordel é isso, é para ser contado desse jeito.”
Em suas histórias, J. Borges lembra sempre de seus companheiros de poesia. Por isso, está nestas páginas para representá-los. Só para citar alguns: Stênio Diniz, Abrahão Batista, Kleiton Vianna e o maravilhoso Patativa do Assaré, que faleceu em 2002.
J. BORGES
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