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A vida de Jonas (Jones Francisco de Camargo) é uma aventura só.
“Meu pai era conhecido como Zé Ferrinho e trabalhava em uma oficina mecânica em Santos (SP), onde eu nasci, em 1977. E desde menino eu acompanhei ele em suas andanças pelo litoral sul e o sudeste brasileiro. Na praia, ele fazia vela com a parafina das velas que a gente encontrava derretidas na praia. Eu catava latinhas para ele fazer os moldes das velas. A andança foi muita. A gente ia de pé, de bicicleta, de carona. Vivemos em praias no Paraná, no Rio de Janeiro, em Santos mesmo e depois aqui em Praia Grande (SP). Fizemos uma viagem de Mato Grosso até Parati (RJ) em carrinho de rolimã!”
Jonas conta que um dia viu uma miniatura de motocicleta feita só de arame enrolado, como mola. “Eu resolvi fazer uma. Só que usei lata e arame um pouco mais grosso. E tive que fazer as minhas próprias ferramentas e a vara de guarda-chuva é muito boa para isso. E consegui.” Ele conta que aprendeu muito com o pai, que gostava de fazer aviões e carros. “Tudo que era feito, o pai saía para vender ou trocar por comida, cigarro ou bebida. Eu nunca pensei que iria viver só das latas. Eu pensei em arrumar um emprego em uma oficina de carros. Mas eu queria fazer tudo o que eu via na rua e na televisão. Com meu pai, a gente vivia sem teto, porque ele precisava ver o céu. Eu agora tenho família e tenho uma casa e um lugar para trabalhar.” Jonas agora não tem dúvida de que sua vida gira em torno das latas e arames. “E tem outros materiais que a gente encontra por aí e aproveita. Acho que quando comecei era muito limitado. Agora tenho certeza de que posso fazer de tudo. Já faço peças que se movimentam com manivela ou aproveito motorzinho de coisas que jogam fora. Gosto muito de fazer o Samurai e o Dom Quixote.”
Hoje, suas peças podem ser encontradas em “O Design Animado”, no bairro da Vila Madalena, em São Paulo. |