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João Manoel da Silva chegou ao Mato Grosso do Sul em 1958.
Veio de Santana de Ipanema (AL) junto com sua família, que foi trabalhar em uma fazenda. Ali roçou pasto, ajudou a levantar cercas e ficava observando seu pai, na época conhecido pelo seu ofício de carpinteiro. “Ele fazia pilão, gamela, tudo para usar e, vez ou outra, alguns bichos.”
Aposentado do trabalho rural, veio para a cidade e, aos 40 anos, arranjou emprego como guarda-noturno. “O tempo demorava a passar; então peguei uns pedaços de pau e comecei a fazer coisas. Vieram logo na cabeça os bichos que eu via todo dia.”
Seu traço limpo e simples consegue surpreender quem não conhece sua história. “A gente faz de cabeça, porque sempre viveu no meio dessa bicharada. Eu gosto muito e digo com orgulho que sou mato-grossense, não interessa se do Sul ou do Norte. Só mato-grossense.” Hoje, aos 70 anos, exibe orgulhoso um “diploma de designer”, que recebeu de um curso que freqüentou há dois anos, mesmo que não precisasse. “Aprendi uma coisa que já sabia, que o acabamento é importante. Nada mais de importante, porque o que vou fazer já está dentro da minha cabeça. Mas pra quem não tem estudo... já tenho um diploma, viu?” |