Difícil imaginar um sertanejo vivendo na serra fluminense, na cidade de Nova Friburgo, onde todos elogiam o clima frio, quase europeu. Mas foi exatamente o que aconteceu com Geraldo Simplício, conhecido simplesmente como Nego, nascido na cidade de Aurora (CE), em 1943, em pleno sertão do Cariri.
Mas chegar até ali não foi fácil. “Desde pequeno fazia ex-votos e meus próprios brinquedos de barro. Lembro que a gente disputava para ver quem tinha a maior boiada e era muito divertido. Depois comecei a trabalhar a madeira. Em 1969 vim para o Rio para vender minhas peças e aqui fui ajudado por uma senhora que me trouxe para Nova Friburgo. Trabalhei muito e aqui sempre vem muito turista.
Descobri este terreno há 37 anos. Vendi meu telefone e comprei a propriedade e aqui esculpi minha primeira mulher, no barranco. Meu terreno é íngreme, então vou fazendo caminhos e esculpindo minhas figuras. Assim no barro, que cubro com lama preta. Depois vem o musgo e cobre as figuras e as protege da erosão.”
Suas figuras monumentais impressionam pelo movimento, expressão e energia. “Arte é excesso de energia. Você acumula e cria. Aqui neste lugar também tem excesso de energia. Eu também sei que sou louco. Mas a arte e o louco vivem na mesma lagoa. A diferença é que o louco sempre se afoga e o artista fica nadando, para todos os lados. Mas todos são loucos.”
Nego abriu seu jardim à visitação pública e recebe todos, mostrando os detalhes do seu jardim babilônico – uma maravilha.
NEGO
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Da esquerda para a direita, de cima para baixo e no sentido horário:
BEBEZÃO, PRESÉPIO INTERATIVO, ÍNDIA POTIRA, RETIRANTE (detalhe) e MULHER (detalhe).
Escultura talhada no barranco
 
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