Francisco Moraes da Silva nasceu em Casimiro de Abreu, em 1936. Trabalhou mais de 30 anos tirando madeira tabibuia para fazer tamancos e por isso ficou conhecido como Chico Tabibuia.
“Desde os 12 anos nesse trabalho, ficava no meio do mato e peguei um tronquinho. Fiz um homem e uma mulher e usei uma parasita chamada barba-de-bode para fazer o cabelo e os pêlos dos corpos deles. Ninguém me ensinou. Mas, quando minha mãe viu, deu uma coça (surra) em mim, que fiquei 15 dias na cama, chorando. Sabe o que é isso?”
Chico Tabibuia cresceu e continuou a cavoucar madeira. “Teve até um caso engraçado. Com a ajuda de um juiz e uma promotora que gostavam do meu trabalho de figuras, eu consegui continuar sem que as pessoas ficassem mangando de mim. Se tivesse algum problema, era só chamar um deles e pronto! No fim, até minha mãe acabou pedindo uma peça para ela.”
Além das figuras, Chico fazia tamborete (banquinho de três pés), mesas rústicas e outros móveis. Até que um dia surgiu em sua vida Paulo Pardal. Encantado com as figuras de Chico Tabibuia, ele passou a ser seu grande colecionador e marchand.
Infelizmente, Paulo Pardal faleceu e Chico Tabibuia ficou desamparado. Hoje, só esculpe se alguém pedir muito. “Para quem vou vender? As pessoas pedem, mas não vêm buscar. O Paulo Pardal, não. Ele me trazia madeira e tudo o que eu fazia ele levava.” Vivendo somente com sua aposentadoria, Chico Tabibuia agora fica sentado ali por perto de sua casa, olhando a vida passar. Parece desanimado, mas basta começar a falar da vida que se anima. Suas figuras são como ex-votos fortes e muito instigantes, fazedores de um milagre maior – o milagre da criação, que para ele esteve sempre ligado ao mundo dos sonhos.
Impressionam muito as suas antigas figuras eróticas, que, pode-se arriscar dizer, misturam ex-votos, orixás, animais e o bicho homem. Tomara que Chico Tabibuia volte rapidamente a sonhar.
Infelizmente, Chico Tabibuia faleceu em maio de 2007, enquanto finalizávamos este projeto. |