Francisco Brennand nasceu em uma propriedade agrícola nos arredores da Várzea do Capibaribe, em Recife, e desde muito cedo recebeu uma educação notadamente européia. Seu trabalho artístico dispensa apresentações. A obra de recuperação da velha cerâmica São João da Várzea, fundada pelo seu pai em 1917, é impressionante. Ali, ele montou sua oficina, onde trabalha há mais de 35 anos e construiu um mundo de dimensões e abrangência que só almas tão iluminadas seriam capazes. Suas criações e criaturas inserem-se em um contexto muito mais erudito do que popular, mas nos pareceu mais do que justo prestar-lhe aqui uma homenagem porque acreditamos que suas raízes e veias estão fincadas no Nordeste em que sempre viveu. E sobre essa questão, ele se expressa de forma clara: “(...) Talvez tenha que apelar muito mais para uma brasilidade total no sentido de acreditar que até hoje a principal característica da arte brasileira, de seus condutores e dos artistas, seria por omissão ou indiferença, deixar que cada um se expresse à sua maneira, enfim, usufruindo de uma magnífica liberdade. Essa independência eu explorei, sobretudo, na minha cerâmica, quase chegando à insanidade das formas, dirigidas às matrizes da vida”. Gesto grandioso e de uma simplicidade soberba, Brennand deixa que penetremos nessas matrizes em seu magnífico espaço de trabalho e de vida. |