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Fernando Rodrigues dos Santos mora na casa mais antiga do povoado alagoano de Ilha do Ferro, município de Pão de Açúcar (AL), onde nasceu (1928) e se criou. Daí ser conhecido como Fernando da Ilha do Ferro. Trabalhou na roça, foi à escola mas pouco aprendeu. O que sabe é orgulho seu. “Conheço cada pé de pau desta caatinga. Fui caçador e sei de todos os caminhos e lugares deste sertão.”
Para ele, as coisas vão sempre se modificando. “Faço móveis bonitos, artesanais mesmo. Nunca fiz nada para ser igual ao outro. As coisas não são parecidas.” De fato, alguns de seus móveis foram premiados no Brasil e no exterior, e Fernando se viu elevado à categoria de designer. “Eu não desenho nada. A madeira já indica o que vai sair.” Hoje, voltado para suas criaturas fantásticas, está envolvido em um bestiário no qual se misturam ex-votos, insetos, pássaros, poemas e histórias que pede a uma filha para escrever. No fundo de sua casa, o rio São Francisco.
De um lado, o município alagoano de Pão de Açúcar, do outro, terras sergipanas. “Aqui parece mesmo uma ilha, mas não é. É um lugar sagrado, só que a natureza está se acabando. Por isso, tudo que faço sai de dentro do chão.” |