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Nas margens do rio São Francisco, nas imediações da cidade de Barra, na Bahia, os mais antigos ainda se lembram das gaiolas (barcos) que por ali navegavam, com os tetos carregados de potes e moringas produzidos na região. Alguns lembram que foi um homem de nome João Diabrura que começou essa arte de amassar barro e erguer as vasilhas. “Assim conta a lenda, mas a verdade é que todos por aqui faziam potes e moringas e depois começamos a fazer outras formas, de bicho e a moringa-moça”, relata Eunice Batista Matos (foto à esquerda), uma das artesãs mais antigas da Associação de Cerâmica Comunitária Nossa Senhora de Fátima.
Sediada na cidade de Barra, essa comunidade reúne alguns artesãos que hoje produzem cerâmicas utilitárias e decorativas e promovem cursos para os jovens da região. “Nosso trabalho começou em 1974, quando um padre e uma freira italianos chegaram aqui e organizaram nosso trabalho.”
Os barros de cores diferentes são usados na técnica de engobe e são cavoucados nos arrecifes, na beira do rio, nas barrancas e onde a mão do oleiro sabe que está o barro bom. Algumas peças, bem antigas, são parte da história da comunidade, como as peças de Dona Laura Vieira de Oliveira e Dona Ângela Custódio Gonçalves. Entre os mais jovens, chamam atenção as bonecas de Marcelo de Castro, que começou a trabalhar em 2002. |