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Natural de Açu (RN), terra de oleiros, Etewaldo Cruz Santiago cresceu na cidade de Natal (RN). A avó materna era louceira e a paterna, rendeira. Com o barro, ele aprendeu desde cedo a fazer seus próprios brinquedos. “Na época, ficavam assim, de barro cru, porque eu não cozinhava.
Minha mãe não gostava que eu pegasse no barro porque dizia que dava vermes.”
Na sua recordação, Ceará-Mirim esteve sempre presente. “Uma noite de Natal, a gente brincava fora porque não tinha luz elétrica; meu pai tocou todo mundo pra dentro e eu fiquei com raiva. Disse baixinho: quando crescer, vou-me embora. Meu pai ouviu e perguntou pra onde. Eu disse que ia pra Ceará-Mirim. Ouvia história de lá, dos engenhos, dos carros de boi. Apanhei feio. Cresci, aprendi muitos ofícios, entre eles o de fotógrafo e acabei vindo para Ceará-Mirim, por conta de um trabalho.
Eu fazia fotos 3 x 4. Aqui, um cunhado meu que aprendera a fazer bonecos de barro em Tracunhaém viu minhas coisas de madeira e disse: ‘Isso é dinheiro vivo lá em São Paulo, na praça da República’. Mas eu gostava das peças de barro. Queria comprar uma do Mestre Vitalino para quebrar e ver como era feito. Meu cunhado me ensinou e foi embora.
Eu sou de 1939, e lá por 1971 fui para São Paulo, ver a tal praça. Todas as pecinhas de barro que levei eu vendi. Passei lá três meses e voltei. Estou há 36 anos trabalhando só no barro. Eu, para não passar fome, arranjei um emprego na base naval e lá me ensinaram um pouco de desenho arquitetônico, pois eu tinha jeito para a coisa. Isso ajudou muito. Por isso, agora vivo só com minhas coisas de barro. Mas estou um pouco fraco, fiz uma operação e estou me recuperando. É isso.”
Etewaldo faleceu em 2006. |