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Tudo começou por causa de uma roseira, que Estevão Silva da Conceição não queria arrancar. “Foi em 1999, quando arrumava minha casa. Fiz uma armação para sustentar a planta. Depois foi crescendo, fui elevando o jardim. O jardim foi aumentando para cima e arranquei a roseira e levei para lá.”
Estevão conta que nasceu em Santo Estevão (BA), em 1957, e veio para São Paulo em 1977, buscar trabalho e uma vida melhor. “Trabalhei como servente de pedreiro, vigia, montador e hoje sou faxineiro e jardineiro. Eu vim para a favela de Paraisópolis em 1985.
O meu jardim, eu fui construindo com coisas que comprava e ainda compro nos bazares e brechós. A casa e o jardim ocupam todo o terreno.”
Sua obra ganhou projeção internacional e nacional quando a Fundação Gaudí o levou para Barcelona (Espanha) para conhecer a obra do mestre catalão. “Eu achei muito lindo, vi muitas coisas e a pena é que aqui não tenho espaço para poder fazer as coisas que gostaria depois que conheci Barcelona.”
Sua obra lembra Gaudí por causa das colunas tortas, dos galhos que dela saem porque, como diz Estevão, “assim são os galhos das árvores”. Mas seus “mosaicos” são esculturas e até pequenos oratórios com imagens de santos. Cada canto possui personagens próprios, que fazem o visitante ficar imaginando histórias.
Estevão não é arquiteto, nunca estudou e não precisa de maquetes para fazer sua obra. Ela nasce inconscientemente, conforme ele vai enrolando os ferros e preenchendo os espaços com cimento e pedaços de louça, bibelôs e tudo o mais que encontra. A casa de Estevão, chamada por ele de Casa de Pedra Enfeitada, é integrada ao jardim.
Ali ele mora com a mulher e o casal de filhos, sob tetos forrados de estrelas e as paredes desenhadas e decoradas que transformam cada cômodo em um lugar mágico. |