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Quem vê Ermírio José da Silva sentado em um banco de praça vê uma figura franzina, tímida e até meio arisca. Ledo engano. Basta colocar em suas mãos um pandeiro e um mamulengo ou marionete. O homem se transforma. Vira Miro.
Na cidade de Carpina, onde nasceu em 1964, todo mundo conhece seu trabalho. “Desde criança, quando saía da roça para a cidade, eu via o teatro de bonecos. Gostava tanto, mas tanto, que pedia a Deus para me ensinar a fazer essas coisas. Voltava pra casa e serrava um pedaço de cabo de vassoura, desenhava a cara do boneco com lápis, colocava pedaços de mangueira para fazer os braços e cortava as meias dos meus irmãos (que já eram poucas) para fazer as mãos. Fiz uns 20 ou 30 bonecos assim. Fui tentando, tentando. Cavoucando muito e cada corte que eu dava eu aprendia mais.”
Miro ficava ouvindo as histórias e observando os personagens; se inventava um personagem novo, criava para ele uma história e uma música nova. “Acho que hoje, se eu ficar um dia longe dos meus bonecos, eu adoeço. Faço apresentações em tudo que é lugar e faço muitos bonecos, para vender e para exposição. Minha mulher e meus filhos me ajudam. A gente hoje vive só desses bonecos. Também faço tarrafa (rede de pesca), pesco, toco pandeiro e ando de perna de pau.
Já trabalhei de mecânico e já fiz rede para campo de futebol e para circo. Mas minha vida hoje são os meus bonecos e as minhas histórias. Tudo o que preciso agora é um baú para carregar essa gente toda.“ |