Próximo a Salvador (BA), no município de Aratuípe (BA), a pequena cidade de Maragogipinho possui uma característica única: cerca de 80% de seus habitantes sobrevivem trabalhando com cerâmica. Organizadas na Associação de Auxílio Mútuo dos Oleiros de Maragogipinho, as 60 olarias da cidade – cabanas cobertas de folhas de coqueiro – ainda lutam para receber auxílio governamental ou privado. Cerca de 60% delas possuem torno manual.
Exatamente em um torno desse tipo que Elisio Nazaré Almeida, conhecido como seu Nené, trabalha há 58 anos. Ele conta que aprendeu com os avós e com os tios, que sempre produziram a talhinha, uma espécie de ânfora para guardar água.
“O barro a gente pega em uma fazenda perto daqui. É barro de chão. Tem vermelho, branco e amarelo. O triste é que hoje em dia os jovens não querem mais saber desse ofício. Vão viver de quê?”
As olarias de Maragogipinho estão abarrotadas de peças “que o mercado exige. E a gente tem que vender”, explica um dos oleiros. Poucos são os que se aventuram em peças tradicionais, como as antigas moringas redondas ou peças um pouco mais ousadas. O desenho mantém a antiga tradição das flores e achuriados, tão comuns no legado açoriano deixado pelos colonizadores portugueses.
ELISIO NAZARÉ ALMEIDA
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MORINGA ANTIGA
Barro, 25 cm de altura.
Acervo Casa do Artesão
de Maragogipinho
TIGELA E TRAVESSA
Barro, 30 cm de altura
Coleção particular
BILHA ANTIGA
Barro, 25 cm de altura.
Acervo Casa do Artesão
de Maragogipinho
 
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