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Eli Heil já era adulta quando ficou muito doente. Foram oito anos de cama. Um dia, seu irmão chegou com um quadro. Ela olhou bem e disse: “Isso eu posso fazer, e melhor!”
E desde esse dia, começou a “vomitar” arte sem parar. Ficou gestando como mulher grávida e pariu por todos os meios e formas artísticas que poderia. Ainda continua esse processo gestacional, cujo resultado é voraz e visceral.
“Eu comecei sem saber, parindo cada peça e me desfazer da primeira foi muito difícil.”
Eli é uma artista dos temas populares e eruditos no sentido mais amplo e profundo que essas palavras possam conter. Suas raízes estão claras em todo o trabalho e, mais do que isso, ela transpira um mundo só seu, que expõe com crueza o que se passa à sua volta. Guerreira, ela briga, grita e enfrenta forças muito poderosas. Quando se sentiu ameaçada, Eli foi logo procurando um lugar para ficar, se expor e mostrar suas obras. Vieram os homens, derrubaram seu Adão e Eva monumentais, mas ela não se deu por vencida. Derrubados na entrada de sua casa, enterrou-os a céu aberto em um cemitério de esculturas que só almas boas e fortes conseguem entender. “Eu sou uma artista cuja cabeça ficou grávida. A arte para mim é a expulsão de seres.”
Eli não tem limites. Ela parece ir até a exaustão em cada trabalho. Barro, madeira, sucatas, fios, pintura ou resinas, tudo ela procura usar até se cansar. Coisa que nunca acontecerá. A obra de Eli está nascendo para ser sentida. Não é preciso entender. Suas esculturas são seres que possuem caras, bocas, chifres, rabos, corpos, órgãos. São humanos demais. Depois, ela está magoada demais com os humanos e por isso não consegue se livrar deles tão impunemente. São eles que a assombram dia e noite.
Eli nasceu em Palhoça (SC), em 1929. E seu Mundo Ovo de Eli Heil, em Florianópolis, é um lugar encantado. |
ELI HEIL |
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