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Edgar Andrade de Freitas pinta usando areias coloridas e longas agulhas de metal que ele mesmo fabrica. No lugar das telas, garrafas de vidro transparente.
Com precisão absoluta, coloca finas camadas de areia e com as agulhas vai puxando traços grossos ou finíssimos, que criam o claro-escuro e os tons e semitons que, dificilmente, alguém poderia pensar se tratar de areias coloridas.
Essa arte é famosa em todo o litoral nordestino, mas no Ceará ganhou fama pelas mãos de Dona Joana Andrade Maia, ali mesmo nas praias de Majorlândia. Edgar foi seu primeiro aluno. Tinha então cerca de 14 anos. “Eu ficava vendo ela fazer as garrafinhas. Ajudava a preparar as areias, que íamos buscar nos barrancos (falésias) aqui perto. Hoje ainda pilo alguns torrões. Aqui encontramos cerca de 20 cores diferentes, mas usamos pigmento industrial (pó xadrez) para fazer as cores que faltam. O preto, por exemplo, se usarmos a areia de magnesita, o vidro das garrafas estoura.”
Segundo Edgar, isso exige muito trabalho porque a areia pilada e coada tem que ficar bem mais fina do que a areia da praia. Ele já viajou para o exterior por conta do seu trabalho e sempre volta para a pequena Majorlândia, onde nasceu em 1950. “Eu não sei muito bem a origem dessa arte. Para mim, é a arte da areia colorida. Eu, pra isso, nunca estudei. Comecei copiando fotos, quadros e o que mais as pessoas quisessem que eu fizesse.”
No Artesanato Quixadá, no Centro de Artesanato na antiga cadeia, em Fortaleza (CE), existe um acervo precioso de garrafas “pintadas” com areia por Edgar. Seu São Jorge impressiona. Igualmente, o retrato de um Cristo, sem falar nos pavões, cavalos e cenas de caçada. |