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Dimas Ferreira trabalha no paraíso, quebrando pedra. Paraíso porque sua oficina é a céu aberto, de frente para o açude de Gargalheiras, uma imensidão de água azul no meio do sertão. Só vendo para acreditar. “Eu nasci por aqui mesmo, em 1954, e desde os 14 anos quebro pedra. Aqui em Gargalheiras, esses morros todos têm muito granito. Eu sempre via a pedra e achava que daria para fazer muitas coisas com ela. Estou há 12 anos só fazendo isso. Eu sabia que tinha quem fizesse esculturas de pedra. Então fui tentando e deu certo.
A primeira peça pequena, eu já fiz na altura de uma pessoa. A pedra é uma mistura e ninguém sabe o que tem dentro. Às vezes ela obedece e outras vezes, não. Eu mesmo fiz muitas ferramentas e hoje sei que não existe coisa que eu goste mais.” No seu rancho, às vezes ele passa dias. Ali improvisou uma forja para afiar e fazer suas ferramentas. Sobe a montanha e começa a cortar a pedra lá em cima. Conforme ela vai tomando forma, vai rolando para baixo até chegar à beira da estrada. “Então chamo um caminhão-guindaste e pronto.” |