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Em Alegrete, qualquer pessoa que indique como chegar à casa de Derli Vieira da Silva, o Derli Chapéu Preto, respira fundo e diz: “O senhor saberá quando chegar. Não dá para dizer como é”.
Na verdade, daria. É o santuário de um artista inventor e visionário, que talvez por isso seja pouco entendido por seus conterrâneos. Porém, Derli Chapéu Preto se orgulha dos prêmios recebidos e da sua participação na Eco 92, representando o Estado do Rio Grande do Sul. De bombachas, cuia de chimarrão na mão e chapéu preto, recebe com imenso carinho os visitantes e saúda todos os que passam pela sua porta.
Nascido em 1950, em Caverá (RS), no meio dos pampas – ou da campanha, como costuma dizer um bom gaúcho –, teve uma vida nada fácil e das mais atribuladas. Hoje vive praticamente só em sua casa cheia de esculturas e inventos. Na fachada, um imenso gaúcho de 4,5 metros de altura e 5,5 mil quilos de concreto armado. No telhado, um outro gaúcho, todo em ferro, divide a cena com galos e outros bichos, montados em originais cata-ventos.
“O mais engraçado é que para sobreviver eu conserto eletrodomésticos, faço trabalho de pedreiro e de outras profissões. Trabalho com pedra, madeira, porongo (cabaça ou cuia), concreto armado, sucatas em geral e metal. Eu, quando estava no Exército, fazia uns brasões e os oficiais gostavam. Eles me liberaram, mas eu deveria ter ficado. Hoje estaria bem aposentado, como meus amigos. Mas eu lembro que desde os 12 anos eu fazia coisas. Via as guriazinhas com umas bonecas molengas, de plástico, e resolvi fazer de madeira. Depois fazia boizinhos, vaqueiros e em tudo o que eu pegava já enxergava o que ia ser.”
Logo na entrada de sua casa, são muitos os inventos, por exemplo, a chaleira que ele fez com uma panela de pressão. |