Coquelino Romão Ferreira é conhecido pelo nome de Coque e nunca teve uma vida fácil e segura. Desde menino tinha verdadeira paixão pela música dos violeiros que ouvia nas festas. Pedia sempre para tocar. A resposta eram bromas e tapas. “Eles riam de mim, por causa do defeito na minha mão, me jogavam no chão e chutavam o meu traseiro.”
Mas o troco não demorou. Coque colocou na cabeça que iria aprender a tocar viola e, mais, iria construir uma viola para aprender a tocar.
O material que tinha à mão eram pedaços de pau e talos de buriti. Foi assim que ele começou a construir suas pequenas violas. “Eu comecei a fazer. Foi invenção minha. As letras são iniciais para os nomes das pessoas. E eu ouvia rádio todo dia e fui aprendendo.”
Hoje, Coque apresenta-se na praça e nas festas da cidade. Toca com maestria, com uma só mão, a viola de dez cordas, que acabou ganhando. Sua vida não é fácil, mas tem orgulho em mostrar que conseguiu aprender a tocar viola. Constrói as pequenas em talo de buriti – o que lhe dá algum dinheiro – e hoje ninguém mais faz troça de sua pessoa por causa de seu defeito físico. |