Na comunidade de Barreiras, em Conceição da Barra, a vida gira em torno da pesca e de São Benedito, padroeiro do lugar.
Também próxima de São Mateus, a comunidade vai levando sua vida influenciada pelas duas cidades e reclamando ajuda e facilidades de ambas.
Benedito Castro dos Santos, o Dito, cresceu pescando e fazendo artesanato para ajudar na sobrevivência. “Aqui tem os cestos de cipó, as colheres de pau, os brinquedos (barquinhos e remos) e também as peças que usamos nas festas de São Benedito e nas brincadeiras de reis, os estandartes e as casacas.”
Para Dito, essas tarefas sempre fizeram parte de sua vida. Como ele diz, não daria para viver em Barreiras sem isso.
Sobrinho de seu Manoel, mestre da festa de São Benedito e guardião das tradições culturais da região – jongo (samba-de-roda), reis-de-boi (uma mistura de folia-de-reis e bumba-meu-boi) e congo (dança de origem africana, que sai às ruas no dia de São Benedito) –, Dito sabe que os tempos agora são outros, diferentes de quando seu tio estava vivo. “Tudo encareceu muito, pois agora temos que comprar a madeira – caxeta, cedro, jucuba ou batinga – porque o corte está proibido.”
As casacas, uma espécie de ganzá ou reco-reco, são instrumentos muito peculiares. O tronco de madeira é ocado e recebe em um dos lados uma lasca de bambu toda talhada, responsável pelo som ao se passar ali a vareta ou baqueta. O cabo, tradicionalmente, é entalhado com a figura de uma cabeça humana.
“A gente ainda faz, para as festas. Se houvesse maior interesse, dava para fazer muito e viver disso. Eu mesmo gosto de fazer figuras grandes. Eu, nisso tudo, trabalho usando um formão, uma serrinha, um martelo e um facão.”
Grande promessa local na arte de esculpir madeira, Dito diz que arte mesmo só nas horas de folga. “Quando não estou pescando, faço outros serviços para me manter, como pedreiro. Mas a gente não desiste. Estamos criando uma Associação Pró-desenvolvimento de Barreiras e queremos construir um galpão para mostrar a todo mundo que passa por aqui as coisas que fazemos.”
Quem sabe, dessa forma, artesãos como Xidu (Benedito Castro Pereira), filho do seu Manoel, volte a esculpir suas casacas, impedindo que esse trabalho desapareça nas beiras de estrada, talhados e pintados de qualquer forma, e o próprio Dito possa desenvolver mais e melhor seu talento escultórico.
DITO
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MACACO
Madeira pintada,
60 cm de altura
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O VELHO
Cedro, 25 cm de altura.
CABO DE CASACAS
Caxeta, 35 cm de altura. Trabalho em andamento
 
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