Para os amantes da arte popular, a Associação de Artesãos Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, parece um paraíso. Funcionando dentro do Centro de Cultura Popular Mestre Noza, em seu pátio amontoa-se uma quantidade enorme de peças que disputam o espaço central e o corredor interno. Ali, artesãos trabalham todos os dias e todas as peças expostas estão à venda, menos, é claro, as do acervo. Por exemplo, peças de Nino e de Cícero Araújo (falecido precocemente em um acidente). Gente de renome já trabalhou ali e hoje, por força da idade, trabalha em casa. Por exemplo, Manuel Graciano, que diz que a vista já está gasta, e Zulmira, debilitada e cansada da luta para sobreviver esculpindo madeira. Ali também estão as peças das irmãs Cândido, de Ciça e de tantos outros expoentes do imaginário do sertão do Cariri. Os mais novos se inspiram e fazem uma releitura do trabalho dos mais antigos. Alguns sentem mais forte a pressão do mercado, que, cruel, parece ditar o que vende mais e o que vende menos, sem se importar com os sentimentos e emoções. Santos barrocos se alastram por todos os cantos. Também Lampião e Maria Bonita, sertanejos e imagens do Padim Ciço ao lado de Divinos e mulheres buchudinhas. Entre tanta habilidade e técnica, certamente alguns talentos sobressairão.
Criada em 1985, a Associação é dirigida há 20 anos por Maria de Lourdes Batista, ela mesma artesã da arte culinária regional e tem o mestre cordelista e xilógrafo Abrahão Batista como um dos seus idealizadores e defensor. Sorte da Associação de Artesãos Padre Cícero. É preciso ter muito amor pela arte popular para enfrentar esse desafio. |