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Poucas pessoas sabem que o ofício das paneleiras de Goiabeiras, bairro de Vitória, foi reconhecido como Patrimônio Cultural Brasileiro.
Embora a Associação das Paneleiras de Goiabeiras exista só há 20 anos, há quem diga que a tradição das panelas de barro pretas capixabas existe há mais de 300 anos. “A gente sabe que os índios já faziam panelas de barro. Não sei se assim, mas faziam. E aqui em Goiabeiras, as famílias sempre fizeram a louça que precisavam. Hoje somos mais de 40 associados”, conta Luci Barbosa Sales, 65 anos, que trabalha há 12 no barracão da Associação. A técnica sempre foi transmitida de geração para geração dentro das famílias e, com a fundação da Associação, muitos homens se incorporaram ao trabalho, atuando principalmente na linha de frente da queima, pintura, preparação do barro e, às vezes, na modelagem. Ali em Goiabeiras, os artesãos mantêm a técnica tradicional. Nada de torno, moldes ou da conhecida técnica do rolete. As panelas são modeladas diretamente em blocos de barro, bem amassados. Depois são alisadas com um pedaço de cabaça (por dentro) ou pedra lisa (por fora). As peças têm que estar bem secas para serem queimadas e, logo que são tiradas do fogo, recebem uma pintura de caldo de casca de tanino ou “árvore do mangue”. “Nós trabalhamos na beira do mangue, temos que protegê-lo e ensinar aos mais jovens o quanto isso é importante”, completa Luci. Outro fato que chama a atenção é que esse fazer tão tradicional consegue manter-se intacto em um meio tão urbano, transformando-se hoje em fonte de renda importante para todos os artesãos. |