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Antônio Teodoro de Souza nasceu em 1932, em Barra Seca, município de Ubatuba. Fez de tudo um pouco, mas conta que a madeira e a escultura sempre estiveram por perto, como que esperando a hora de entrar. “Eu, quando jovem, trabalhei em uma padaria e fazia figuras com a massa do pão. Assava e as pessoas gostavam. Eu recebia muitas encomendas e isso acabou custando meu emprego.” De família humilde, sempre teve que trabalhar para se sustentar e por isso diz que a escultura, para ele, nasceu pelo sofrimento da vida.
“Eu, aos 3 anos, fiquei muito doente e fui desenganado pelos médicos. Quem me curou foram as ondas do mar e a areia da praia. Tudo o que fazia na areia o mar levava, então comecei a fazer na madeira.”
Bigode – como é conhecido na cidade – conta que a primeira figura que fez foi um Divino Espírito Santo, para o tio colocar na bandeira da folia do Divino que havia caído no rio. “Depois, comecei a fazer as coisas que via por aqui, os peixes, pescadores, os bêbados e também fazia rabeca. Vi uma com um folião da festa do Divino e fiz uma de guatambu. Lembro também que aos 7 anos fiz um prato e os talheres para eu usar.”
Com uma vida bastante atribulada, 20 filhos para criar (dos quais 14 estão vivos e 4 trabalham fazendo gamelas entalhadas (artesanato bastante difundido na região), Bigode diz que trabalhou muito, mas sua felicidade está em cortar e esculpir na madeira. Hoje, sente-se um pouco debilitado por conta do glaucoma e da pressão alta, mas segue trabalhando. Um advogado local é o maior colecionador de suas obras, que se encontram também no Museu de Arte Sacra de Taubaté e com colecionadores brasileiros e europeus. “Tenho contabilizadas mais de 4 mil obras e cerca de 3.200 estão no exterior.” |
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