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Mulher de opinião, altiva e serena, que transmite muita sabedoria e uma energia muito forte. Assim podemos definir Dona Antônia Alves dos Santos, que nasceu em Jequié, Bahia, lá pelos idos de 1905. “Eu acho que me deitei, mas esqueci de morrer”, diz, brincando, e muito consciente sobre sua idade. “Já vou para mais de 100 anos e ainda levanto cedo para trabalhar no barro. Acho que desde que estava na barriga da minha mãe já bulia com o barro. Posso lhe dizer que já andei muito. Estou há 56 anos aqui em São Mateus e quando cheguei aqui isso era bom. Tinha feira. A gente vendia porco limpo, pé de boi e fazia o que dava. Eu, bem dizer, cheguei aqui e arriei. Viemos eu e meu marido, soltando filhos pelo caminho. Tive 21 filhos com três barrigas de dois e hoje quatro estão vivos.”
Dona Antônia conta que tentou ensinar os parentes, mas ninguém quis saber do barro “Eu quero ensinar só a família. É a tradição. Já ensinei por aí, mas as pessoas querem tudo rápido e fácil e com o barro não é assim. Quando cheguei aqui, sei que o que estava caçando eu achei. Tinha boa água, tinha boa vida e tinha bom barro, que era o barro de Pinheiro. Agora me trazem o barro, que não sei de onde vem e que não boto fé. Se quiser pôr uma panela no fogo, eu não confio.”
São várias as associações e organizações que tentam coordenar alguma atividade com Dona Antônia. “Eu sei que eles querem me ajudar. Já quiseram me dar um forno elétrico e não sei mais o quê, mas eu não quero. Tenho que queimar e fazer o barro como sempre foi feito. E a tradição, onde fica? Se deixar, vai virar fábrica.” Ela ainda conta que antes costumava fazer de 40 a 50 peças por dia. Na tradição mais antiga, pega a bolota de barro, bate e começa a moldar. “Agora estou fazendo em grosso, não sai mais tão refinado porque estou mais cansada.” Além de seus potes e panelas, chamam a atenção suas máscaras, moringas antropomórficas e figuras de bichos. |
