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Anaías dos Santos Freitas é um dos poucos artesãos marajoenses que vivem só de sua arte. Começou no fim dos anos 1960. “No tempo da antiga prelazia, veio uma freira que começou o trabalho de fazer coisas para vender. Eram suvenires. Veio também um oleiro de Icoaraci ensinar a modelar o barro. O bispo D. Ângelo trouxe um livro estrangeiro que mostrava mais de mil peças dos índios daqui e fomos aprendendo a reproduzi-las.” Eles acabavam vendendo tudo. Muita coisa os padres e freiras levavam. Hoje, esse filho nascido e criado em Ponta de Pedras não troca a ilha por nada. “Vou todos os fins de semana vender peças em Belém (PA), mas volto logo.” Em um amplo galpão nos fundos de sua casa, relembra, saudoso, que outros artesãos deixaram a lide artística. “A gente precisa sobreviver e, quando encontra um emprego fixo, muita gente não pensa duas vezes. O barro e a madeira ficam então empilhados, para quando a aposentadoria chegar.” |